Era noite. Uma noite de balões e cumprimentos. Era quase fim de mês, era fim do mês. O céu inundado por estrelas. De repente, os olhares quase-cruzados. A última pessoa que poderia imaginar, ali, bem à frente. Fiz que não vi, mas eu vi. Quis dar uma trégua à expectativa. E, nos intervalos do estômago em vôos de borboletas, debruçava meus lábios em copos de coragem para passar o tempo covarde.
Inevitavelmente deu-se nosso encontro. Aquele abraço, o mesmo abraço de corpo inteiro. As palavras brincando em nossas bocas. Havia fluxo, havia fluidez. Até o momento exato que elas faltaram. E antes que o desenlace da situação e outro enlace se desse... um estouro!
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Beijo Mandacaru | Rogério Fernandes |
Era a primeira vez que via um poste-cadente. Curto circuito de fios, se transformando em estrela explosiva.
As palavras já tão despedidas, fugiram. Sobraram os olhares, atestando o silêncio, o inevitável.
Os olhos fecharam. O tempo passou molhado, ardente, incansável e demorado. O sentimento era de curiosidade matada, de fome saciada, de desejo multiplicado. Longos dias de minutos se passaram. E o desejo cadente enfim fora realizado.
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