O tempo é breve.
Existe um livro, uma peça, uma música, um filme, uma foto, uma lembrança, um cheiro, um riso, um choro, um sentimento... existe algo. Um tempo específico que cabe em cada uma dessas palavras-momentos anteriores, e na maior parte dos casos, esse tempo é breve, é finito.
Lembro que devia ter uns onze para doze anos... brincava animadamente de pular corda com os amigos do prédio. Era uma felicidade imensa o que eu sentia. Um pouco mais tarde, já em casa, não sei porque cargas d'água me veio a mente a música do Lulu Santos: "nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia / tudo passa, tudo sempre, passará". E logo naquele instante, que eu desejava tanto sentir a mesma felicidade repetida em amanhã, eu acabara de ter certeza que o tempo se transformava, e por mais que repetido, nada seria da mesma forma e nem do mesmo jeito que foi um dia. Tinha descoberto: o tempo e sua efemeridade.
Hoje catorze [*quinze] anos depois, e tal como estação, o tempo me acompanha com suas devidas transformações e adversidades climáticas. Vivo num mundo urgente, em que ter tempo é "artigo de luxo", todavia em demasia é falta do que fazer. Qual a lógica? Deve ser porque tempo é algo valioso por demais.
Eu queria é ter tido tempo suficiente para certas coisas na vida, que já passaram, que não voltam. Ter aproveitado melhor o que passou. Mesmo que breve. E é engraçado como o tempo pode ter tantos significados: de passado, futuro, transformação, cura, hora, minuto, segundo, começo, fim, agora, lembrança, memória, dor.
Hoje do que aprendi com o tempo, é que ele talvez seja suficiente para tudo que acontece em nossas vidas, até do que a gente pensa ter controle. O tempo é a certeza de que tudo está além do nosso querer de precisão, o tempo é breve, é vão, e também tem seu próprio tempo.
[*texto iniciado em 2012 e finalizado hoje, por acaso]
[*texto iniciado em 2012 e finalizado hoje, por acaso]
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