De andar para trás.

me pego agora feito criança. um colo. cadê? a vida coloca situações sem pedir licença ou sem perguntar se dou conta. choro em silêncio, emudecendo o grito, me banhando em lágrimas, desabo na dor.

a impotência diante daquele que se ama. descobrir que a esperança não é certeza. descobrir que tudo que já foi falado um dia, agora sim, se torna ensinamento.

será que eu sei ser só? será que eu consigo? e se eu não souber viver sem mais, sem ela... como faço? eu queria, eu quero ter a solução em mãos. sobre-vivo com a incerteza de que nada será como antes, e já não é.

primeiro era o incômodo que ocupava as madrugadas, depois a descoberta... e é tanta coisa que vem atrelada a uma dura descoberta. aí vieram as perguntas, as dúvidas e talvez as certezas. a família veio de longe, o processo começou, o cabelo caiu, o choro apareceu, a fé não se sabe se virou ilusão ou realidade.

é dor, angústia, é acúmulo de não saber o futuro, de não poder planejar o futuro como se gostaria, nem ao menos viver o presente como deveria. escalonando vidas, tempos, aprendendo a cuidar.

é a única certeza desde que se nasce: o fim. mas a possibilidade de poder existir uma data, um prazo é como um soco no meio do estômago, tira o ar, a respiração. eu não quero pensar. eu não quero lembrar. mas está aqui do meu lado.

às vezes sinto culpa, eu poderia ser melhor, eu poderia me dedicar mais, mas eu não sei forçar a barra, eu não sei fazer o que eu não faria naturalmente. e quando a consciência bate, de que o futuro pode não mais existir, vem o medo, de não tê-la nunca mais, de perdê-la. eu não queria o finito. 

tenho medo do que me torno, do que me toma. guardo sentimentos que nem sei classificar, tá tudo refletido em mim, no meu corpo, no meu comportamento. eu mudei. a situação me mudou. só não queria que ela se mudasse de mim, que fosse embora. eu queria o infinito.

a realidade jogada na minha cara. o peito explodindo. e eu não sei o que fazer... eu não sei o que fazer. eu não sei pedir, eu só sei sentir, do meu jeito. e o que sinto dói.




♫ não é por mal, mas vou te fazer chorar...



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