De querer.

Quero ao avesso. Desfaço o antes, recomeço. 
Voltando ao ponto de partida, que nunca partiu.
Te vejo, às vezes estando curada, às vezes achando que é vontade, às vezes só costume, de te ver, só de te ver. 
O medo da confusão, sem fundir.
Acho que sou eu, algumas vezes você. 
Porque prezo liberdade, mas também prezo colo.
Prezo, de prezar, não de prender. Quero cuidá-lo, guardá-lo. 
Pra que não se machuque, pra que seja melhor do que já é.
Tê-lo, livre, ao meu lado, parceria de vida, se assim for possível. 
Mas você se esconde, parece desafio constante. 
Passo de fases, mas é como se o fim do jogo nunca chegasse.
Eu preferiria uma luz acesa, pra clarear o caminho. 
Porém ele sempre me aparece assim, meia luz, meio termo, meio assim, sem definição.
Menino homem, homem menino.
Entendo completamente esse seu, esse meu, desentender.
Sinto. Algumas horas me aperta o peito por dentro. 
Noutras me alivio em sorrisos de cumplicidade.
Penso no constante de você, de um nós.
Jogo fora o "se" e confio no tempo como resposta.
Cogito a possibilidade de minha vida não ser como as outras.
Observo minha mão, de linhas traçadas cheias de recortes.
Se nem a ti eu tenho certeza, que dirá ter a certeza do constante de dois a dois.
Quero o avesso, estando certa ou errada, eu quero.



Pintura por Luis Toledo




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