Benedito e o amor não dito

Benedito calou.
Benedito deixou que o caos se instalasse do lado de dentro, faltou-lhe palavras.
Mas não era falta de palavras, era falta de entendimento.
Benedito quis entender o amor do seu jeito livre, e livrou-se dele.
Benedito agora vive em eterna fase de digestão, ele sabe que o passado sempre volta.
E todo dia Benedito se pergunta porque a gente tende a lembrar só do que foi bom.
Benedito agora vive o agora.
Benedito quer se livrar das palavras que ficaram.
Benedito escreve pelo que não foi dito.
Benedito e o seu amor não dito.

Benedito calou.
Benedito se escondeu atrás do ego.
Cadê você, bendito Benedito? (tou aqui)
Benedito resolveu deixar o passado pra trás, mesmo levando-o dentro do peito.
Benedito as palavras devem ser ditas.
Benedito não se escutou.
Benedito emudeceu, o peito fechou.

Benedito espera que algum dia não seja tarde demais.
Benedito sabe que as palavras tem va(l)idade.
Benedito e seu amor não dito.
Benedito faz uma carta, se livra desse desdito.
Benedito agora com coragem, escreve tudo que lhe habitava dentro.
Benedito dita seu presente, pressente, o amor mal dito será passado.

Benedito escreve sobre o amor bendito.
Benedito tá vazio.
Mas um vazio bom de ser sentido.
Um dia Benedito transformará as palavras em falas.
Para enfim e por completo libertá-las.

Benedito não tenha medo do que pode ser dito.
Mesmo se não for entendido, ao menos terá se esvaziado.
O peito deve se encher por aquilo que é bendito.
Então diga, Benedito: eu te amo, maldito.
























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