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Tem uma coisa que dói mais que tudo, que se chama vazio. Há um tempo alimento um vazio interno. Hoje ao olhar meus braços pude enxergar todo o vazio que tenho acumulado em mim ao longo dos últimos dias. Troco o vazio pela saciedade que a comida me dá. É uma forma de preencher temporariamente esse buraco que tenho do lado de dentro. De repente é época, fase. Natural. Uma amiga minha diz que eu preciso é mudar os ares organizando minha vida, a começar pelo meu próprio quarto, me libertar de algumas velharias que ainda moram comigo. Só assim as energias estarão renovadas. A verdade é que nos últimos tempos falta vontade. Como se o querer fosse simples rotina. Pelas decepções do destino, por aquilo que parece se manifestar seguro, mas faz tão parte da instabilidade que é a vida quanto o próprio amanhã. Sinto a necessidade de andar na vida em par. Não falo necessariamente de relações amorosas. Mas funciono muito melhor em parcerias. Não que não saiba lidar com minha própria solidão, todavia os estímulos que existem no compartir, me preenchem de forma inigualável. Talvez eu tenha sido mimada demais, talvez falte mais impulso próprio, o que alguns atrelam às dificuldades de vida de cada um. Eu tenho as minhas, só não preservo a crença no 'corpo de dor', ter de sofrer para merecer. Acho que 2013 foi um ano particularmente transforma-dor. Diferente. Novas formas de amor, de amar. Mas falta foco. Me perco ao compartilhar minhas próprias histórias. Cada vez que sinto a necessidade de contar meus pedaços de coração e experiências de prazer, é como se me despedisse de cada uma dessas histórias e elas perdessem a intensidade no roteiro da minha vida, é como se elas enfraquecessem e perdessem o sentido em cada palavra libertada. Hoje olhei para o meu braço e ele tá mais cheio que meu coração. Falando sério. Sem fazer metáfora só pra parecer poético. É uma verdade constatada. Acho que todo mundo passa por uma fase de desestímulo, em que tudo parece não funcionar, ou ser sempre um desafio. Sei que dói. Dói e passa. E volta. Saio de casa e sair de casa já é vontade de viver. Acho que tenho super valorizado demais o que há de novo nas vidas alheias e esquecido de cuidar da minha vida, para que ela também floresça. É quase como se me enterrasse um pouco em vida, por mais que soe forte e pesado isso. Ainda acredito que é uma fase, e como toda fase, passará. Ainda bem que os melhores remédios contra esse vazio permanente têm sido poesia e música. Me alimentam e me preenchem, ironicamente, no meio de tanto oco.

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