Dos erros coração - parte 2 - O homem-oceano (de quando mesmos os bons também ferem)



ele tinha um coração-oceano,
e nem precisou falar nada.
apenas o pude sentir quando deitou em meu peito...
inclinou o rosto e me olhou,
um olhar de mar que não mais esquecerei.
como de quem acha um colo-ilha para se abrigar...
depois vieram as palavras-correnteza,
e eu preferia ter parado apenas em seu olhar.
o tempo passava alimentado por declamarações 
e nos intervalos o meu medo de aprender a nadar,
de ficar apenas com os pés no raso.
por fim aceitei seu convite anti salva-vidas e mergulhei,
re-descobri que o mar é mesmo feito de surpresas incríveis,
cores e densidades particulares.
e foi por perder temporariamente o medo do mar, 
e achar que já sabia nadar, que eu me afoguei.
acreditei num oceano de emoções,
embalado por suas marés baixas e altas,
me deixei levar por sua profundidade desconhecida,
prendi a respiração e perdi os sentidos,
quase morri submersa,
até conseguir voltar novamente à superfície.
e voltei, nem tão sã, mas salva.
com a imagem de seus olhos de peixe e coração-oceano
 ainda cravada no peito.
não o culpo, o mar já nasceu com seus perigos
e eu mesma me permiti mergulhar.
agora vem a ressaca trazer um novo dia,
o cheiro da maresia, a areia que incomoda os olhos...
de certo que o mar me trouxe um novo horizonte,
ainda com o risco de me afogar,
mas daqui pra frente,
talvez,
seja melhor arriscar
um mergulho de rio.



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