Há dor.

A dor é tão parte quanto todo e qualquer outro sentimento. Em equilíbrio ou desequilíbrio. As pessoas, algumas, podem não compreender isso... Outro dia me perguntaram o que achava de tantos cômicos, comediantes, gente que trabalha com o humor e morre por suicídio, depressão. Assim como se fosse uma espécie de traição/contradição, de forma que [ quem  também é humano e ] trabalha com o humor estivesse isento da dor. Mas quem disse que escolha profissional é necessariamente escolha de vida? Por que não válvula de escape? Intervalo? As escolhas são particulares. Uma profissão pode ser só um exercício num tempo e regras pré-determinados.  E nem [ por ser algo já estabelecido ] significa que o atuante o faça em plena verdade. Quiçá o faça com a competência do cumprir. É que o trabalho e as profissões também são formas de tornar nossos mundos [ tão particulares ], conjuntos. Em semelhança de algo, do fazer, do classificar, pra ordenar, pra encaixar. Só acho perigoso querer generalizar, e falo enquanto ser que também vive das expectativas projetadas. Um médico não é um "salva vidas", ele cumpre o que aprendeu. Um presidente não é um ser sortudo de perfeição. Um palhaço, um cômico, um comediante pode apenas levar seu ofício à sério [ pois é ], assim como pode levá-lo para a vida pessoal, acreditando que através do humor até a dor é mais suave, ou não, e apenas se permitir ser contraditório dentro de suas crenças pessoais e profissionais.  De alguma forma consigo entender o raciocínio daqueles que me indagaram tal questão. Ainda que continue achando perigoso  essa super valorização da obra pelo autor. Tudo ao final, meio e começo é parte. E a dor é tão parte quanto todo e qualquer outro sentimento. A dor tem sua importância até mesmo pra fazer valer o humor. Vale mais a consciência da escolha. 


Por Natmir


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