Partículas de Elisa para Benedito.

Benedito,
expectativas são pratos cheios de ansiedade e sabor ilusório. Não seja um amor covarde, um amor que se precipita somente pela própria vontade e querer. Amor é troca, revelação. Não se esconde em dias mudos. Lhe escrevo esses sentimentos com todo o pesar que mora em meu peito, pois preciso esvaziá-lo do que não faz mais sentido morar dentro de mim. Não nos deixemos cair na tentação de mais um embate de palavras dolorosas. Isso não é uma guerra, é esclarecimento, um pedido de paz. E, por favor, nunca diga que o melhor é ficar calado. É que o silêncio pode doer tanto quanto as palavras... O que o tornou tão covarde? Me sinto presa a essa pergunta. Afora isso, fique tranquilo, esse não é um defeito particular à você, infelizmente está posto em muitos outros, até mesmo em mim. O que é sinceramente uma pena. De tempos em tempos minha cabeça põe-se a pen(s)ar como se fosse possível encontrar tais respostas pra tantas perguntas...
O que faz as pessoas se tornarem covardes sentimentais? 
O que as faria mais "fracas" por falarem a verdade sobre o que sentem? 
Qual o medo que há em conversar sobre algo em que se está mergulhado? Ou mesmo assumir quando não está?
Não seria mais simples conversar e resolver, do que deixar os pratos de ansiedade e sabor ilusório transbordarem? 
Dói falar? Existe quem tem medo de mar? De se afogar?
Ou tem gente que até sabe mergulhar, mas não sabe traduzir isso? 
Tenho elaborado diversas teorias. Devo agradecê-lo também. Nesse momento presente só sei que pouco sei, nenhuma resposta tenho e que sem saber mais do que isso, digo-lhe: é mais rico optar por viver, arriscar e aprender. Depois passa, assim como essa dor. Em você ainda dói? Em mim sim, de vez em quando transbordo rios pelos olhos. Mas sabe, eu acredito na dor, que é tão parte quanto o amor. O amor, aquele que um dia foi ridiculamente passional e corajoso, mas se transformou em ainda não sei o quê exatamente. Espero que você se transforme, assim como ele. E cresça e floresça em novas paixões e amores. Que mergulhe profundo, sem medo de se afogar. Não se sabote, por favor. O medo que não protege, espelha e faz sofrer um e outro. Pois que voltemos a nadar, em diferentes correntezas e possamos descobrir mais desses vastos oceanos.
Com carinho,
Elisa.

Gold Clouds _ Leonid Afremov


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