De Benedito / Para Clarice

Clarice,
Pintura de Fernand Toussaint
escrevo-lhe estas poucas palavras pela minha falta de jeito em traduzir em presença, o que só tenho domínio de entendimento quando paro e escrevo. Essa é uma forma de entender o que sinto também. Escrevo pois não lhe quero mal, eu apenas não sei definir exatamente esse tanto que sinto por você. E não te sintas culpada e nem a culpa que por vezes pareço transferir para ti, quando apenas não sei como agir quando estou contigo. Não é birra de maldade, talvez seja ego. Compreendo que o nosso bem querer é mútuo, porém distinto. E desconfio que ter constatado esse fato, ainda é algo doloroso para mim, mas acredite, tenho feito de um tudo para que isso apenas passe. Tenho saudades de nossas conversas bobas, dos planos divididos, de nossos gestos de cuidado e carinho, da nossa amizade. Você não é qualquer abraço, você é um verdadeiro abraço, um achado. Em tempos que o mundo às vezes parece sufocar, você é um ar puro a ser respirado. Espero que tudo possa se resolver com o tempo, já que aquilo que é desmedido, só mesmo ele é capaz de dar o tom. 
Com amor,
Benedito.


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