Quase lá

E perto, já em contagem regressiva, tudo torna-se motivo para a crise.

São quase 30 anos e o que fiz e faço da minha vida? Não são mais os vinte e poucos, que são usados como artimanha para tudo que é bom e ruim na duração dessa dupla década vivida. Agora são quase 30 e tudo muda. É como se a grande ficha da vida caísse, aquele parâmetro vida-adulta. Sim, tudo agora tem mais sentido. Dos abismos aos êxitos. Nada é por acaso, as coisas vão se transformando em oportunidades. E só essa palavra já parece que pesa. Há palavras que pesam. E pesar é ter continuidade, deixa de ser um momento, coisa passageira. É algo que se estende até o fim. Pesar é sentir. Às vezes a gente vive e até sente, mas não sente o profundo. As palavras que pesam não, fogem da superficialidade e fazem sentir o profundo de suas entranhas. Independente de que fim/sentimento seja ou dure. Daí que a ficha cai e há um grande periscópio da vida em 360º ~ melhor que qualquer google street view ~ revelando presente, passado e algo que talvez possa ou venha a ser o futuro. Não é que seja só doloroso, mas é real, dolorosamente real. Das amizades ao trabalho, dos planos, sonhos, vontades, arrependimentos, desejos, coisas que já não tem mais porquê ou apenas não importam mais. São os 30, e eles existem e chegam. Sorte para os que chegam. Acredito. Como diz meu pai: pra quem não quer viver, basta morrer. E viver calha em envelhecer e se afinar com o tal do tempo e suas consequências. Foi uma semana difícil a primeira de janeiro de 2016. O tempo passa, a crise sempre estará presente, mais intensa ou não. Ela existe, e talvez a felicidade nos distraia mais em alguns momentos criados pela ilusão daquilo que não podemos controlar, o tempo. O 2016 veio como chá de realidade, como se todo o antes vivido fosse prévia, aprendizado do ser e agora sou, simplesmente sou.  Ontem foi um dia angustiante, hoje também. Os pré 30 é viver a angústia de não sei o quê, que não sei traduzir o tanto, que incomoda, faz desarrumar tudo por dentro e não tem respostas imediatas. Sair de casa é viver, mesmo que por vezes a vontade seja de hibernar e nunca mais ter contato nenhum com ninguém... deve ser mais um sinal da crise. E como ainda estou longe do meu inferno astral, sigo transferindo todos os sentimentos inomináveis para ela. De alguma coisa servirá, além do choque de realidade e passagem... Os 30 é uma constatação. Uma viagem de ida, passando por diversas re-voltas.





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