mensal


Sei que ela vem vindo, por todas as qualidades que aportam em mim. 
O choro. A ansiedade. A raiva. A fragilidade. A sensibilidade. A fome.
É como viver a morte ou descobrir mais da sobrevivência a cada mês. 
Ainda que todos esses sentimentos-reações tenham sido 
folclorizados/estereotipados ao longo dos tempos, todos eles fazem sentido. 
Todos resumem o estar viva de forma intensa e particular. 
São cinco dias sangrando... E como meu corpo poderia não reagir a isso? 
É tudo tão simbólico. 
O sangue que se esvai do mesmo lugar em que é gerado um novo ser. 
E se este não existe, a morte vem pra findar, em ciclo. 
Na vida também é isso. 
Talvez sendo mulher e aprendendo a sangrar desde cedo, 
seja mais fácil lidar naturalmente com a existência das rupturas 
ou a magia de sempre estar renascendo, se renovando. 
Cada vez que reflito isso descubro mais da metáfora do viver, das etapas, 
do aprender a sangrar, estancar, deixar fluir os pedaços, regenerar.  
É como ter um poder sim,  e guardo como vantagem da vida.
Um treino sobre o continuar.
Sobre morrer estando viva ou o viver mesmo morrendo. 


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