[[ sobre processos ]]

o problema é quando parece se tornar algum tipo de estatística. a gente pensa logo que é apenas pessoal. às vezes é, mas nem sempre. é que antes de qualquer coisa temos os aprendizados individuais e, a depender da extensão de busca pelo autoconhecimento que nos cabe, ou que vamos nos provocando e nos pondo em desafio, pode ser que seja um tipo de vício. carícia negativa. ciclos que reforçam alguma incapacidade ou uma negação a qual ainda não mexemos a fundo. essas coisas doem, são desconfortáveis. é tudo aquilo que a gente não aprende a lidar. quem quer se cortar? quando é tão melhor ter uma pele lisinha, livre de marcas, cicatrizes. dor é algo ruim. se o corte é profundo e demora a cicatrizar pior ainda. a gente se engana tão fácil... se não fosse a dor, o que seria da nossa capacidade de defesa? anular algo que é intrínseco ao sentir é como negar uma parte de nós mesmos. tem também o lance da forma que utilizamos essa consciência. tenho pensado bastante que quando chegamos a conclusão de determinado problema, seja ele dolorido ou não, temos a possibilidade de transformá-lo ou acabarmos utilizando-o como empecilho para seguir adiante. de repente pode ser um impedimento legítimo? sim, mas nem sempre o é. a gente quer ser salvo. aprendemos a ser salvos, esquecemos das nossas próprias capacidades de renascimento, de recriação. e por falar, amor romântico e machismo é o combo mais bizarro que o mundo poderia manter ao longo desses anos. é uma ferida sem tamanho. doença, na real. a gente se fode mentalmente, fisicamente e emocionalmente de tal forma - principalmente se ainda fizermos determinados recortes sociais - que puta que pariu! mata todos os dias. morremos todos. também em vida. o autoconhecimento nesse sentido é a chave. nos liberta. é a manutenção eterna do nosso autocuidado. e isso não é sobre se tornar alguém que não enxerga mais os problemas, muito pelo contrário. é se propor, se expor, se mostrar. entranhas, tudo que nos ensinaram a esconder depois de grandes, pra nós mesmos. identificar, dentro de mim, no outro, no mundo. é quando a gente percebe que reconhecer a dor, não é aceitá-la como caminho eterno, mas necessária pra chegar a um outro eu. evolução, amadurecimento. ou uma grande viagem ao centro de si, sem esquecer que ainda convivemos em sociedade. e mesmo ao se priorizar não enfiar suas questões como prioridades alheias. e é tão bonito quando se chega a esse lugar. fico imaginando se não é uma dor como a de parir. mesmo nunca tendo parido. você é a mesma pessoa, seu corpo tá modificado, você sangra, a dor toma conta de tudo, e de repente um grito, uma nova vida, a dor cede, outras emoções te preenchem. não estou romantizando a maternidade. mas tentando uma metáfora bonita. enfim, muitos links. tudo pra dizer que se amar é a coisa mais importante nesse mundo que a gente pode fazer por nós mesmos: sozinhos ou acompanhados, acreditem. se desculpabilizar, entender que tudo é processo, que não acontece da noite pro dia. nos compreender humanos, fortalezas e fragilidades. reconhecer e voltar atrás. pedir ajuda. cê não precisa dar conta de tudo sozinho. você não assinou nenhum contrato ao nascer sobre isso. e não é preciso colecionar experiências negativas como se fossem a verdade, para algo que você nunca olhou (ou tentou olhar) de frente pelo medo da dor. não existe paz sem enfrentamento. 

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