as paixões reais nunca morrem



gosto de guardar e manter certas lembranças, fisicamente falando: cartas, escritos, fotografias. volto a elas vez em quando como se consultasse um calendário de memórias importantes. admito que tenho falhas com a precisão de alguns tempos vividos. acho válido rememorar quem a gente já foi um dia... quem nos tornamos. o que você guarda ainda em essência preciosa, de quando você nem sabia como seria seu futuro, o agora? tenho saudades muitas vezes de situações específicas, sentimentos pueris. se sou romântica nesse hoje, anos atrás eu era a própria sessão da tarde com os filmes de princesas da disney. deus me livre, mas quem me dera. dessa época sinto falta de crer na beleza dos detalhes. depois de uma fase da minha vida tudo veio a ser nu, cru, direto. um pouco sem magia, um mundo mais sujo. no sentido de invadir a realidade e não somente imaginá-la. não sei se me arrependo de alguns processos, pois me fizeram chegar a algumas conclusões que tenho no presente, daquilo que de fato quero e não quero mais viver. dá saudades mesmo é de escrever com paixão, das crenças nas pessoas. e não que eu as desacredite, mas atualmente as enxergo de forma comedida. o que é contraditório, já que amo viver as coisas com paixão e intensidade. quem não gosta? capaz de sim, ter alguém que prefira a paz dos acontecimentos com tempo, sem expectativas. amadurecer deve ser isso também. é como me sinto agora. conquistando outras prioridades. o coração quieto. já nem me lembro mais quando tive uma paixão platônica... um, dois, três anos vivendo intensamente pequenos momentos de prazer de uma imaginação frutífera: um olhar encontrado, uma mão tocada sem querer, um encontro casual, uma descoberta em comum. que besta e que sincera. como faz pra não perder isso, sem deixar de enxergar o outro como ele realmente é? por isso, quem sabe, nos amar seja o primeiro exercício diante de tudo que nos cabe dentro do afeto e no que dele transborda, semeia. nos conhecendo no meio de nossas limitações e plenitudes, saberemos que o outro é tão humano quanto nós mesmos. se apaixonar por histórias é fascinante. criar enredos. adaptar personagens. é tudo muito seguro numa mente fértil. mas e as histórias reais, onde moram as paixões naquilo que se repete, do que nem sempre se encaixa, do que às vezes incomoda, do que não será o melhor beijo do mundo, nem o melhor sexo. mas ainda assim dá vontade de viver junto? tenho muitas perguntas ainda, e sei ~ assim bem clichê ~ que viver é a oportunidade de descobrir sem medo todas essas respostas.  

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