aos 35

acho que aprendi a compreender melhor os problemas (ou talvez as soluções para) dos outros. me colocar no centro de algo era como me sentir mais egoísta no mundo. agora aos 35 muito disso tem se tornado cada vez mais explícito. quando estive por mim? sempre ouvi que era uma pessoa simpática, cheia de amigues. mas então, o que isso significa? fico pensando se ter os outros como centro, ser alguém disponível e agradável, também não esconde um medo gigante de pertencer a mim mesma. com meus defeitos, minhas faltas, minhas falhas. acho os 30 anos tão temidos, de certezas. pois justo agora aos 35 sinto um misto de liberdade e pavor. o que faço com tudo que aprendi até aqui? é como se pela primeira vez, e ainda mais evidenciado pelo contexto solitário de pandemia, tenho a possibilidade de cuidar um pouco mais de mim mesma. o que não tem sido nada simples. a construção de ser alguém muito legal para todes no meu caminho foi extremamente cansativo, às vezes me sinto uma fraude. E não é que não exista nada sincero nesse movimento, mas chego a conclusão de que se me apago em prol dos outros? quem sou eu afinal de contas? Falta equilíbrio. sempre fui uma pessoa de estar em coletivo, dificilmente funciono só, mesmo que saiba conviver até muito bem com a minha própria presença. dialogar, trocar, ouvir, partilhar é como se eu precisasse me alimentar de histórias. e sinto nesse agora que pode ser que eu tenha exagerado um pouco. contudo, o despertar sempre vem, sinto ele exatamente aqui, na minha frente

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