sweet love

quando o desejo não se materializa ele acaba transbordando por onde houver brecha. quando saí de casa ele me acompanhou, pensei na possibilidade impossível de te encontrar. sozinha atenta ao que acontecia ao redor, te vi de longe tal qual aparição. o coração acelerou. não era miragem, era você mesmo. o corpo estremeceu. veio aquele desconforto de não saber como agir, querer sair correndo, gritar para que você não me perdesse de vista. só que a magia é essa, a gente nunca se perde. mesmo no desencontro a gente se acha. disfarçar a ansiedade até que nossos olhares se encontrassem. a gente tá sempre se paquerando, namorinho de portão. não há pressa. aquela dança em que um olhar entra em cena, finge que sai, e daí vem o outro, uma dança de dois, depois a fuga. um riso frouxo e descarado chega a escapulir pelo canto da boca. a gente é besta, que bom que a gente é besta. conversa só de se olhar. eu te leio, você me lê. e cada vez que a gente se reencontra parece que tudo já não cabe mais. a primeira vez que te vi cantar, assim, sozinho. que lindo. poder te ouvir de outro jeito. eu fico boba. eu sou. fica difícil controlar o corpo que já não se comporta mais sozinho. quer falar, e fala. "o meu sangue ferve por você". eu vi, viu. juro que vi. e entendi. dessa vez não tive dúvida. teu olhar encontrou o meu quando tua boca falava. queria passar a noite inteira contigo, ainda que fosse só entre olhares. mas a gente sabe que o limite tem nos feito entender melhor o tempo e amadurecer (do sentido de ser responsável por) todo e qualquer sentimento. você vem, chega perto. brinco contigo, somos amigos sim, mas não tenho medo do teu abraço. queria que demorasse mais. queria ter dito que adorei te ver cantando, mas aí fico nervosa e falo de coisas que estão aquém do que quero te revelar. uma desculpa a mais pra te dar outro abraço e te observar de perto, teu sorriso, tua voz. depois você vai embora. e eu fico, sempre fico. desejando mais uma vez e sempre. o dia que em que a gente troque toda despedida pelo que enfim fi(n)ca.



"é que 

eu adoro 

quando 

olha

olha

 olha 

pra mim"





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